Jacuzzi exterior
Déjà Vu
Esta é a história do João.
Uma história de ficção, mas qualquer semelhança com a realidade de quem tem um jacuzzi no exterior, ao ar livre, não é mera coincidência.
À 4 anos, tomei uma decisão na vida que ainda me afeta nos dias de hoje e, muito provavelmente, vai afetar-me por muitos e muitos anos.
Foi o concretizar de um sonho que se transformou de uma forma, que nunca na vida, podia esperar.
Tudo começou quando decidi comprar um jacuzzi lá para casa. Não é que fosse aqueeele sonho de criança, mas à muito tempo que pensava nisso.
Os anos foram passando e como não era uma prioridade, fui adiando, adiando, até que um dia pensei cá para mim:
“Tem de ser agora! Se não for agora, nunca mais é!”
Nesse mesmo dia, quando cheguei a casa, falei do assunto, e, claro, sem surpresa, todos concordaram!
Pegámos no telemóvel e foi a confusão: “olha aqui”, “olha este”, “eu quero este”, “este ficou espetacular, podemos fazer assim?”
Depois, e já que o tema lá em casa era o jacuzzi, visitámos algumas lojas, fomos a feiras e exposições, fizemos de tudo para fazer a escolha certa para nós.
Vi tantos modelos, tantos preços diferentes, ouvi tanta coisa, de tantas pessoas, que até fiquei meio confuso.
A única certeza que tinha é que não ia comprar àquele senhor que nos tratou de uma forma “única” e diferente de todos os outros.
Todos nos diziam que o jacuzzi podia ser instalado em qualquer lugar, sem obras, e que até podia ser ligado numa tomada elétrica, menos esse senhor, o Sr. Hélder.
O Hélder, foi o único que nos disse que um jacuzzi no exterior, ao ar livre, em qualquer lugar, ligado de qualquer maneira e sem criar o mínimo de condições, era a “armadilha perfeita” para que eu pudesse vazá-lo e desligá-lo quando eu quisesse, com extrema facilidade, mas, que que ao fazer isso, só me iria prejudicar e causar problemas atrás de problemas.
Disse quais eram os problemas, detalhava-os e até dava algumas das respostas “normais” que ia ouvir, se caísse nessa armadilha.
Podia escolher a marca que quisesse; fabricado na América, na Europa, em Portugal, na China ou na Ásia; podia comprar na empresa A, B ou C; podia ser instalado no Norte, no Centro ou no Algarve; na cidade ou no campo; junto à costa ou mais para o interior; o resultado ia ser sempre o mesmo. Um padrão que ele descobriu e vê acontecer, ano após ano.
Conversa atrás de conversa, foi dando soluções, que tinha de fazer assim, tinha de fazer assado, sempre a chegar a brasa à sua sardinha…
Mas como sou de ideias vincadas e já tinha decidido que o jacuzzi era para ficar lá fora, não fui na conversa e, obviamente, a minha resposta foi:
“ Vou pensar! ”
Ele só disse:
“Você é que sabe, mas depois não diga que ninguém o avisou!”
Lembro-me de ter ficado aborrecido porque gostava de um dos modelos que ele tinha, o preço era razoável para os extras que tinha e até incluía uma bomba de calor, mas só de pensar em mais orçamentos, obras, euros…
Definitivamente, não ía comprar ali !
Mais tarde, decidi finalizar a compra na empresa (X), sempre cordiais e muito simpáticos, foram sempre ao encontro daquilo que eu queria, bons preços, explicaram tudo, tim-tim por tim-tim e foi tudo super-rápido.
Acertei na muche !
Acho que demorou mais tempo a aquecer a água do que a instalar o jacuzzi.
Depois…
Depois, foi espetacular!
Todos os fins-de-semana foram passados em casa, no jacuzzi, a divertirmo-nos, e eu, à noite, depois de todos se deitarem, ia para lá. Desligar de tudo e de todos, sozinho, sem ninguém por perto.
Foram momentos que nunca irei esquecer!
Foi espetacular até aparecer a chuva, o frio e… a conta da eletricidade.
Como ninguém usava, toca a desligar o jacuzzi, tirar a água e esperar por melhores dias.
Entretanto, lá vinham uns dias de sol, umas temperaturas mais amenas, o Verão de São Martinho, e só me apetecia encher o jacuzzi.
Depois, lembrava-me do tempo que demorava a aquecer… mais umas nuvens, frio, e a vontade passava.
No segundo ano, já em Maio, com sol e tempo bom, limpo o jacuzzi todo, água nova, ligo à eletricidade e… nada!
Não funcionava!
Liguei para a empresa (X), vieram ver o que se passava, e era a resistência em curto circuito.
Estranhei um pouco mas, nem se quer me passou pela cabeça a conversa do Hélder.
Mas assim que ouvi:
“É a primeira vez que isto acontece, nunca tinha acontecido um caso destes com os nossos jacuzzis”
… pensei cá para mim:
“Mau! Queres ver que o Hélder tinha razão?!”
Confesso que não esperava problemas tão cedo, mas tudo bem.
Problema resolvido, esquecer a situação, esperar por aquela água quentinha e desfrutar.
No dia seguinte, começo a ver o chão molhado junto ao jacuzzi, mas não dei importância.
Passados dois dias, a humidade continuava e a água tinha baixado cerca de 10cm.
“Algo não correu bem na reparação”, pensei eu.
Liguei novamente para a (X) e, no dia seguinte, lá estavam os técnicos de novo. Retiraram uma das laterais e… a fuga nada tinha a ver com a reparação anterior.
Era um dos motores…
Nesse momento, já não sabia se havia de rir ou chorar.
O Hélder já não me saía da cabeça.
Parecia aquele cabelo branco que volta sempre.
Lá substituíram o motor e agora é que era.
O Hélder não volta!
E não voltou… nesse ano!
No ano seguinte, o ano passado, fiz a limpeza, água nova, ligar a eletricidade, o Hélder sempre por ali, água quentinha, nada de humidades e, talvez o Hélder me tenha dado um merecido descanso.
As semanas foram passando e…
Não pode ser!
A água estava a ficar cada vez mais turva e em tons de verde apesar de fazer o tratamento tal e qual como fiz nos 2 primeiros anos.
Já sabia…
O Hélder outra vez!
“Sai daqui pá!”
Liguei para a (X) e até já desconfiava o que eles iam dizer: “poderia ser dos filtros, dos fatos de banho, talvez fosse do produto com que limpei o jacuzzi, (blá-blá-blá) e que a solução era aplicar um produto especifico para limpeza de tubagens, mudar a água e um filtro novo.”
Ora, nem mais!
Assim fiz a acreditar que o tal produto fosse milagroso e na esperança de conseguir enganar o Hélder, mas passado umas semanas…
O Hélder…
Ainda insisti, liguei para a (X) e… mais do mesmo: “Os jacuzzis são mesmo assim, com o passar dos anos a água tem que ser trocada mais vezes, cada vez com mais frequência e levando sempre em consideração se é muito ou pouco usado.”
Este ano foi uma cobertura nova.
A anterior estava queimada do sol e começou a desfazer-se.
Aproveitei, também para mandar refazer a instalação elétrica toda nova e com todas as seguranças.
Nunca tive problemas, mas não quis arriscar mais.
Já lá vão uns anos, mas não me esqueço de um dos maiores alertas que o Hélder fez:
“As tomadas não aguentam com a potência nem têm proteções adequadas para ligar aparelhos como os jacuzzis e com o passar dos anos torna-se muito perigoso.”
Nunca na vida ía imaginar que ter um jacuzzi no exterior pudesse ser tão difícil.
Sim! É muito difícil…
Só quem tem um jacuzzi como eu, lá fora, é que sabe do que é que eu estou a falar.
Mesmo esses, talvez não sofram tanto como eu…
É que agora:
Sempre que penso no jacuzzi
O Hélder está lá !
Sempre que olho para o jacuzzi
O Hélder está lá !
Sempre que vou para o jacuzzi
O Hélder está lá !
Sempre que estou no jacuzzi
O Hélder está lá !
O Hélder
Não me sai da cabeça !
SÓ EXISTE UMA FORMA
DE TER UM JACUZZI
SEM NUNCA MAIS
SE LEMBRAR DO HÉLDER
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